<font color=0093dd>Mais perto dos problemas </font>
Antes do comício em Setúbal, a CDU percorreu o distrito e ouviu os problemas dos pescadores, operários, comerciantes, pequenos empresários e de todos os que, de forma geral, sofrem com a política de direita.
A CDU privilegia o contacto directo ouvindo os problemas das pessoas
O dia começou na lota de Sesimbra. Pouco passava das onze da manhã quando o secretário-geral do PCP – acompanhado pelos primeiros candidatos pelo distrito, Francisco Lopes e Odete Santos – chegou ao local do encontro, onde já se concentravam alguns activistas da CDU, para acompanharem a visita. Os objectivos eram simples: Ouvir, na primeira pessoa, os problemas dos pescadores e passar as propostas da CDU para uma mudança a sério.
«Se tivessem chegado uns minutos mais cedo tinham visto toneladas de peixe a ser deitado ao mar», comentou, ao longe, um pescador, assim que se apercebeu da chegada da comitiva, que logo se aproximou do queixoso. O pescador, que desemaranhava redes, contava o que, poucos instantes antes, ali se tinha passado. Para não baixar o preço, 12 toneladas de peixe acabado de pescar tinham sido deitadas ao mar. Para favorecer os intermediários, afirmava o pescador, prejudicava-se os homens de cuja sobrevivência dependia o escoamento de peixe. E, em seguida, realçou: «Os que vão para mais longe chegam a passar 16 horas no mar. Para quê? Para ver o peixe ir fora? Isto é um crime», afirmou o pescador, que recordou: «Todos os meses vai peixe fora!» E, afirmou outro, «é só ir ao supermercado e é ver o peixe espanhol à venda. Algum dele pescado aqui ao largo de Sesimbra».
Um outro pescador, que também falava sem nunca deixar de fazer o seu trabalho, contou: «Pesquei quatrocentas cavalas. Vendi quatro. O resto foi fora.» João Lopes, dirigente sindical e presidente da Mútua dos Pescadores, perguntou: «O que ganhaste hoje nem te dá para comer, não é?», ao que o pescador respondeu afirmativamente. «Isto ‘tá mau!», desabafou.
Um grave problema
Toda a lota foi visitada, e de todas as bocas saiam queixas semelhantes. «Isto está uma miséria», comentava, ao longe, um outro pescador, que limpava a sua embarcação. «Eu quero trabalhar, mas não me deixam», protestava outro, referindo-se às normas, nacionais e comunitárias, que têm que cumprir.
Para todos estes trabalhadores, o secretário-geral do PCP, e os restantes membros da comitiva da CDU, tinham uma palavra de esperança. Não uma esperança vã, mas uma esperança alicerçada num projecto político – do PCP e da CDU – que faz dos interesses de quem trabalha e de quem sofre a ofensiva da política de direita o essencial da sua intervenção e das suas preocupações.
Depois de falar e ouvir os duzentos pescadores que estavam na lota, o secretário-geral do Partido lembrou que, com a CDU, os pescadores «têm uma voz na Assembleia da República, que os defende». E culpou os sucessivos governos que aceitaram, na União Europeia, a destruição das pescas nacionais. Compromisso, deixou apenas um: «Insistiremos sempre!»
A visita acabou com um almoço servido num armazém de um pescador, militante comunista, que exibia com orgulho, à porta do seu armazém, propaganda eleitoral da coligação PCP-PEV.
Contacto directo
Às três horas, a comitiva da CDU chegou a Palmela, junto à porta do parque da Autoeuropa. A comitiva aumentou, porque aos que seguiram de Sesimbra se juntaram outros – candidatos e activistas – e apanhou a hora da mudança de turno.
Assim, os cerca de cinquenta activistas da CDU não tiveram mãos a medir para distribuir a sua propaganda àquelas filas intermináveis de homens e mulheres, com as fardas das respectivas empresas, que entravam e saíam rumo ao seu lugar na linha de produção ou a casa, conforme os casos.
Falar muito era difícil, já que os operários que vinham – ou iam – no autocarro da empresa tinham pouco tempo: ou o turno estava prestes a começar ou os autocarros não esperavam. Aos jornalistas, o secretário-geral do PCP, explicou que o trabalho por turnos e os autocarros visam fundamentalmente dificultar a comunicação entre os operários, a fim de evitarem as grandes concentrações de outros tempos, que tantas dores de cabeça deram ao patronato.
Apesar das pressas, muitos trabalhadores fizeram questão de saudar o secretário-geral comunista e os candidatos. Um deles, aliás, operário na empresa. Alguns trabalhadores que saíam, juntavam-se aos seus camaradas e deram uma mão na distribuição.
Para a Autoeuropa, a CDU emitiu um boletim específico, onde, para além do cabeça de lista Francisco Lopes, surge José Carlos Silva, operário na empresa. O folheto dá razões para que estes trabalhadores optem, no dia 20, pela CDU: o aumento dos salários, o combate ao desemprego e à precariedade. Aos jornalistas, o secretário-geral do PCP desafiou o PS a assumir a sua posição face ao Código do Trabalho. Lembrando que, nas votações, este partido opôs-se ao pacote laboral, Jerónimo de Sousa considerou insuficiente que no programa do PS surja a – única – referência para criar uma comissão que avalie os impactos negativos das novas leis do trabalho. «É como diz o nosso povo: Quando não se quer resolver nada, cria-se uma comissão», afirmou o dirigente comunista, que lembrou que apenas a revogação do código do trabalho seria a única medida coerente para o PS.
À chegada, dois trabalhadores esperavam Jerónimo de Sousa para denunciar um despedimento colectivo numa das empresas que funcionam no parque. Um dos operários queixosos, Mário Baltazar, contou que muitos foram para a rua e mais tarde reintegrados, com menos direitos. A ele tal não aconteceu. «Por ser delegado sindical», afirmou.
Em Alcochete…
Palmela e o gigante industrial Autoeuropa tinham já ficado para trás e Jerónimo de Sousa rumou a Alcochete, para percorrer as ruas e contactar a população. Calorosamente recebido por militantes locais, e pela população em geral, o secretário-geral do PCP percorreu o centro histórico e entrou em todos os estabelecimentos comerciais para poder, desta forma, contactar com a população. E foram muitos os incentivos que recebeu. «Vamos a eles», disse, à passagem do secretário-geral comunista, um jovem que conversava com activistas da Juventude CDU.
No final, na praça central, fez uma curta intervenção, onde alertou para a necessidade de derrotar a direita e de impedir que, com maioria absoluta, o PS prossiga a mesma política. Para o secretário-geral, é essencial passar para os portugueses esperança e confiança numa mudança possível. Mas para isso, frisou, é fundamental «fazer acreditar que é possível». Dirigindo-se para a plateia que o escutava, concluiu: «Que cada um de vós se sinta um candidato.»
… E em Palmela
Novamente em Palmela, agora num jantar com micro, pequenos e médios empresários, o secretário-geral do PCP reconheceu que, pela natureza e identidade do PCP, há, por vezes, preconceitos contra o Partido e a CDU por parte dos pequenos empresários. Mas, frisou, nunca fez tanto sentido como hoje a aliança social entre esta camada e os trabalhadores, já que ambos são – de formas diferentes – fortemente penalizados pela política de favorecimento aos grandes grupos económicos e financeiros.
Jerónimo de Sousa referiu ainda a importância dos micro, pequenos e médios empresários para a economia nacional: 99 por cento do tecido empresarial nacional. E não esqueceu de criticar a falta de políticas para o desenvolvimento dos negócios mais modestos, nomeadamente ao nível da modernização, responsável também pelo aumento do número de pedidos de falência – 30 por cento de 2003 para 2004.
Antes de Jerónimo de Sousa falou o primeiro candidato pelo círculo de Setúbal, Francisco Lopes, que lembrou que o compromisso da coligação PCP-PEV para o distrito é portador de um projecto de desenvolvimento no qual o sector privado – micro, pequeno e médio – tem uma grande importância. O candidato realçou a necessidade de aumentar a consciência associativa dos empresários. Para Francisco Lopes, mais deputados do PCP e do PEV significa mais deputados que honram os seus compromissos e que mantêm constantemente uma forte ligação aos eleitores. Terminado o jantar, muitos seguiram para Setúbal, para o grande comício da noite.
«Se tivessem chegado uns minutos mais cedo tinham visto toneladas de peixe a ser deitado ao mar», comentou, ao longe, um pescador, assim que se apercebeu da chegada da comitiva, que logo se aproximou do queixoso. O pescador, que desemaranhava redes, contava o que, poucos instantes antes, ali se tinha passado. Para não baixar o preço, 12 toneladas de peixe acabado de pescar tinham sido deitadas ao mar. Para favorecer os intermediários, afirmava o pescador, prejudicava-se os homens de cuja sobrevivência dependia o escoamento de peixe. E, em seguida, realçou: «Os que vão para mais longe chegam a passar 16 horas no mar. Para quê? Para ver o peixe ir fora? Isto é um crime», afirmou o pescador, que recordou: «Todos os meses vai peixe fora!» E, afirmou outro, «é só ir ao supermercado e é ver o peixe espanhol à venda. Algum dele pescado aqui ao largo de Sesimbra».
Um outro pescador, que também falava sem nunca deixar de fazer o seu trabalho, contou: «Pesquei quatrocentas cavalas. Vendi quatro. O resto foi fora.» João Lopes, dirigente sindical e presidente da Mútua dos Pescadores, perguntou: «O que ganhaste hoje nem te dá para comer, não é?», ao que o pescador respondeu afirmativamente. «Isto ‘tá mau!», desabafou.
Um grave problema
Toda a lota foi visitada, e de todas as bocas saiam queixas semelhantes. «Isto está uma miséria», comentava, ao longe, um outro pescador, que limpava a sua embarcação. «Eu quero trabalhar, mas não me deixam», protestava outro, referindo-se às normas, nacionais e comunitárias, que têm que cumprir.
Para todos estes trabalhadores, o secretário-geral do PCP, e os restantes membros da comitiva da CDU, tinham uma palavra de esperança. Não uma esperança vã, mas uma esperança alicerçada num projecto político – do PCP e da CDU – que faz dos interesses de quem trabalha e de quem sofre a ofensiva da política de direita o essencial da sua intervenção e das suas preocupações.
Depois de falar e ouvir os duzentos pescadores que estavam na lota, o secretário-geral do Partido lembrou que, com a CDU, os pescadores «têm uma voz na Assembleia da República, que os defende». E culpou os sucessivos governos que aceitaram, na União Europeia, a destruição das pescas nacionais. Compromisso, deixou apenas um: «Insistiremos sempre!»
A visita acabou com um almoço servido num armazém de um pescador, militante comunista, que exibia com orgulho, à porta do seu armazém, propaganda eleitoral da coligação PCP-PEV.
Contacto directo
Às três horas, a comitiva da CDU chegou a Palmela, junto à porta do parque da Autoeuropa. A comitiva aumentou, porque aos que seguiram de Sesimbra se juntaram outros – candidatos e activistas – e apanhou a hora da mudança de turno.
Assim, os cerca de cinquenta activistas da CDU não tiveram mãos a medir para distribuir a sua propaganda àquelas filas intermináveis de homens e mulheres, com as fardas das respectivas empresas, que entravam e saíam rumo ao seu lugar na linha de produção ou a casa, conforme os casos.
Falar muito era difícil, já que os operários que vinham – ou iam – no autocarro da empresa tinham pouco tempo: ou o turno estava prestes a começar ou os autocarros não esperavam. Aos jornalistas, o secretário-geral do PCP, explicou que o trabalho por turnos e os autocarros visam fundamentalmente dificultar a comunicação entre os operários, a fim de evitarem as grandes concentrações de outros tempos, que tantas dores de cabeça deram ao patronato.
Apesar das pressas, muitos trabalhadores fizeram questão de saudar o secretário-geral comunista e os candidatos. Um deles, aliás, operário na empresa. Alguns trabalhadores que saíam, juntavam-se aos seus camaradas e deram uma mão na distribuição.
Para a Autoeuropa, a CDU emitiu um boletim específico, onde, para além do cabeça de lista Francisco Lopes, surge José Carlos Silva, operário na empresa. O folheto dá razões para que estes trabalhadores optem, no dia 20, pela CDU: o aumento dos salários, o combate ao desemprego e à precariedade. Aos jornalistas, o secretário-geral do PCP desafiou o PS a assumir a sua posição face ao Código do Trabalho. Lembrando que, nas votações, este partido opôs-se ao pacote laboral, Jerónimo de Sousa considerou insuficiente que no programa do PS surja a – única – referência para criar uma comissão que avalie os impactos negativos das novas leis do trabalho. «É como diz o nosso povo: Quando não se quer resolver nada, cria-se uma comissão», afirmou o dirigente comunista, que lembrou que apenas a revogação do código do trabalho seria a única medida coerente para o PS.
À chegada, dois trabalhadores esperavam Jerónimo de Sousa para denunciar um despedimento colectivo numa das empresas que funcionam no parque. Um dos operários queixosos, Mário Baltazar, contou que muitos foram para a rua e mais tarde reintegrados, com menos direitos. A ele tal não aconteceu. «Por ser delegado sindical», afirmou.
Em Alcochete…
Palmela e o gigante industrial Autoeuropa tinham já ficado para trás e Jerónimo de Sousa rumou a Alcochete, para percorrer as ruas e contactar a população. Calorosamente recebido por militantes locais, e pela população em geral, o secretário-geral do PCP percorreu o centro histórico e entrou em todos os estabelecimentos comerciais para poder, desta forma, contactar com a população. E foram muitos os incentivos que recebeu. «Vamos a eles», disse, à passagem do secretário-geral comunista, um jovem que conversava com activistas da Juventude CDU.
No final, na praça central, fez uma curta intervenção, onde alertou para a necessidade de derrotar a direita e de impedir que, com maioria absoluta, o PS prossiga a mesma política. Para o secretário-geral, é essencial passar para os portugueses esperança e confiança numa mudança possível. Mas para isso, frisou, é fundamental «fazer acreditar que é possível». Dirigindo-se para a plateia que o escutava, concluiu: «Que cada um de vós se sinta um candidato.»
… E em Palmela
Novamente em Palmela, agora num jantar com micro, pequenos e médios empresários, o secretário-geral do PCP reconheceu que, pela natureza e identidade do PCP, há, por vezes, preconceitos contra o Partido e a CDU por parte dos pequenos empresários. Mas, frisou, nunca fez tanto sentido como hoje a aliança social entre esta camada e os trabalhadores, já que ambos são – de formas diferentes – fortemente penalizados pela política de favorecimento aos grandes grupos económicos e financeiros.
Jerónimo de Sousa referiu ainda a importância dos micro, pequenos e médios empresários para a economia nacional: 99 por cento do tecido empresarial nacional. E não esqueceu de criticar a falta de políticas para o desenvolvimento dos negócios mais modestos, nomeadamente ao nível da modernização, responsável também pelo aumento do número de pedidos de falência – 30 por cento de 2003 para 2004.
Antes de Jerónimo de Sousa falou o primeiro candidato pelo círculo de Setúbal, Francisco Lopes, que lembrou que o compromisso da coligação PCP-PEV para o distrito é portador de um projecto de desenvolvimento no qual o sector privado – micro, pequeno e médio – tem uma grande importância. O candidato realçou a necessidade de aumentar a consciência associativa dos empresários. Para Francisco Lopes, mais deputados do PCP e do PEV significa mais deputados que honram os seus compromissos e que mantêm constantemente uma forte ligação aos eleitores. Terminado o jantar, muitos seguiram para Setúbal, para o grande comício da noite.